• chapado & rachando

7 de ago. de 2009




rio amazonas


em dois graus todo o nordeste se revoluciona. afinal, trata-se de uma revolução bastante revoluída. e qualquer revolução traz medos grandes. quase nos cinquenta, deixo de colocar a trema sobre aquela palavra ali. é um conforto que soma zero. eu já era cinquenta com trema, agora sou sem. mesmo sem ter chegado aos cinquenta.
gosto disso. de lado de cá, digo que o trabalho é árduo - o de ir-me sendo, que gera inúmeros percursos. porém, de outro lado, isto é, do lado de cá, é bom poder sentar na máquina e escrever um pouco de bobagem.

5 de mai. de 2007

sábado de manhã

acordei. tomei café, papinho com regina, tapioca, fui para o mar, nadei, voltei, ducha, bons dias, fui para o oeste.
contornei a primeira duna, atravessei um corregozinho de lençol baixo, subi na duna seguinte. chão duro, poucos vestígios. aliás, as dunas são metafísicas. tudo o que ocorre sobre elas está lá, gravado em relevo, até que vai-se apagando lentamente sob novas camadas da própria duna, eternamente envolta no trabalho prometeico de rolar-se sobre si própria. tem rastro de cobra e sombras, tem passos de ontem mas nunca de anteontem, plantinhas, vidinha ínfima, quase silenciosa.
cheguei mais longe do que nunca: na terceira duna, na verdade um prolongamento do C que é a segunda. chegando ali, nova paisagem: muitas dunas, tudo mais vasto ainda. elas, envoltas em verdezinhos aquíferos saindo de seus baixios. voltando o olhar para o retorno (não temos como deixar de fazer isso), outro susto, não menor. a primeira duna, inteiramente enquadrada no mar pelos seus dois lados, amarelinho-manhã, enquanto o mar: esse, de um azul que só rivalizava com aquele outro do céu, sem nuvem alguma.
não tinha levado a máquina, não sei o porquê. aquelas imagens não vêm para esse blog. nem para mim mesmo, que fui tocado. nem estão lá, naquele lugar de coordenadas cartesianas. estão, sim, em algum lugar, só para eu ter que procurá-lo para o resto de minha vida.
voltei, ducha, nadei na piskina. vim escrever na sala.

4 de mai. de 2007

a macacada chega aqui com algumas caraminholas na cabeça. após haverem estudado o lugar na mídia, quando chegam aqui têm a agenda repleta: buggy para tatajuba e jijoca, pedra furada - controlar o tempo para vc ir e voltar na maré baixa, senão tem que escalar morro cheio de burrico, e, por fim, pôr do sol na duna adjacente. repletos, partem. e deixam o melhor daqui, que me parece não estar em nada disso, mas na cadência das ondas e do vento, as cores, o calor, as vastidões desconcertantes. os sons e cores delicados das dunas, parrudas e infinitas.
22h, o que fazer, perguntava-se enquanto bodava na rede, ao final daquela tarde tão colorida. resolveu por subir na duna, apreciar as coisas, para variar um pouco dos afazeres daquele dia que, como todos os demais desde que chegara ali, nada tinha de repetitivo, previsível, monótono ou enfadonho...
apreciou aquela lua cheia, que fazia da noite uma coisa civilizada. não era noite selvagem. não obstante, tudo era muito esquisito. fora na noite anterior que vira rastros de cobra pelas dunas afora pi em cima, a lua, bem branca e redonda, e umas poucas estrelas que ousam aparecer numa noite daquelas. fora isso, um azul afundado no preto. nenhuma nuvem. lá em baixo a cidade, pós-faceira, e então viu que nela havia três antenas. duas deviam ser de celular para o jet-set. a outra, da vila kalango, era um coqueiro com o tronco todo enrolado em luzinha meio vermelha, sem pisco. mas lá em cima: é bem alto, imaginou uns 30 metros. à medida em que avançava o cenário ficava mais aberto, chegando-se a uma vastidão que beirava o alcance de limites. enquanto o céu, enorme, era preto, o chão, do mesmo tamanho, era coberto das mais variadas texturas do branco. lá em cima, o vento. de noite, mais suave. uma temperatura ótima. enfim, o vento não era mais quente, como em outras horas do dia (o sopro quente). lá em cima, ninguém, mas povoado de mil fantasmas. um ou outro eventual e silencioso ser errante passava, sempre de camisa branca, parecia combinado. só para ficar estranho. tudo meio longe, nada pertinho. quem será aquele maluco? o que estava fazendo por aqui numa hora dessas? o mesmo que eu? não?? não?. além dessas assombrações, algumas das sombras entrevistas jamais serão desvendadas. tudo branco no chão significa que qualquer sombra ou coisa escura, mesmo ao longe, é vista. afastou-se dali. desceu a duna passou a pinguela entrou na pousada. enfim estava em casa. ia escrever sobre o passeio.

coisas que não fiz aqui desta vez

nadar na maré alta durante um pôr do sol. perdi dessa vez, mas quando desci a duna ví que tava cheio de gente lá.

passeio de bugue em tatajuba e jijoca: não fui nem sei se quero fazer quando voltar. a coisa é por demais CVC para o meu gosto. quero, sim, é alugar um bugue por um dia inteiro, ir nesses locais sem previsão de chegada ou saída, parando onde quisermos, sem música, sem tipos esquisitos como os brasilienses que estavam nos quadriciclos pelos cenários da casa de areia. como já sabia, os brasilienses saem de brasília, mas brasília não sai dos brasilienses.

no bugue-taxi, quero também ir até o farol e o cemitério para fotografá-los.

quero me perder pelas dunas, com um guarda-chuvas preto, até vir um helicóptero me buscar. hoje me atrevi um pouco mais nelas - logo agora que estava começando a tomar coragem. mas aí apareceram uns burricos e umas vacas calmíssimos (vc já viu burrico deitado de costas na areia, todo alegre, se esfregando todo como quem está tomando alguma espécie de banho pi), mas eu fiquei receoso mesmo assim. estava sozinho. quando passeei de noite lá, tinha rastro daquelas cobras do deserto.

quatro coisas. é o que basta.

após uma viagem longa pela escuridão cearense, chegamos à 1 da manhã. tinha sanduichinho esperando no quarto. todos os panos são brancos, a toalha é felpuda e o travesseiro é de pena de ganso. o AC é split, o banho farto. a pousada é para pousar. dela vou e venho o dia todo. bem acomodado parto para meus sumiços. já subi na duna umas duzentas vezes, nas mais variadas horas do dia. de noitão, de manhã, de tarde, no fim da tarde... na sala, cafezinho bom a tarde e noite todas. a área da piscina tem um lugar chamado first class. é de lá que vi meu último pôr do sol em jeri, por enquanto. é de costas para a pousada e a piscina, de frente para o mar. dali tirei a foto-fitinha com homens e barcos strolling along. tudo ficou muito devagar. se escrevi pouco é porque fotografei muito e, também, porque o sol, o vento, os ritmos do mar, os bons tratos sem chiquitismo algum e as devidas colocações liquefizeram meu cérebro.


são várias coisas o é uma só?


cada vez que olho gosto mais dessa coisa sem nenhum azul nem amarelo, em contraste com as demais. o pedacinho prata faz o resto valer a pena.

não tem ninguém mais aguentando foto de areia fotoxopada, mas é irresistível.

coisas estranhíssimas começam a acontecer


preciso dizer que essa foto NÃO está invertida.





tomei café e dei um dos sumiços. primeiro, fui para o mar, aproveitando o finalzi nho da maré alta. uma das primeiras coisas que faço, todos os dias quando acordo, é checar a maré no site apollo11.com. da metereologia eu desisti há algum tempo. explico-me: há mais de um mês checo quase diariamente o tempo. só dava nuvem. vim. a previsão continua toda nublada, mas eu tomei sol d+.

daí que, depois do mar, andei pelas dunas. aí resolvi ir na duna de trás. fotos.

ontem de noite também dei um sumiço por lá. vazião, luão, dunão. sons.

hoje estive em alguns libelulários, ou seja, lugares libelulosos. mas isso fica para depois.
http://www.vilakalango.com.br



é assim que, diariamente, tenho atualizado esse blog, literalmente (ou seria fotograficamente pi)
saio do quarto com o lap debaixo do braço, tomo café, e outro dia mostrei o blog para regina e carlos. depois dou uma sumida, às vezes com a máquina, às vezes sem, rodo, volto direto para debaixo da ducha da piscina, pulo lá, venho para a sala (primeira foto), ou volto para a piscina (segunda foto: é o seguinte: o lap está debaixo da espreguiçadeira linda, e, como eu estava em cima dela, virei de cabeça para baixo para tirar a foto), escrevo, transfiro fotos, mexo nelas ou não, sumo mais um pouco, volto, durmo (que tb é um tipo de sumiço)... é assim.

3 de mai. de 2007


me lembrei de 'casa de areia', com as duas fernandas.





amílcar, quem diria, acabou no irajá











botes crocs

ai jizuis


















2 de mai. de 2007